Por Fabio Picarelli
Celebramos neste mês os 94 anos da Represa Billings. Inaugurada em março de 1927, a represa foi criada para gerar energia elétrica para a cidade de São Paulo através da usina de Henry Borden, cujo projeto é de autoria do engenheiro americano Asa White Kenney Billings, na época funcionário da empresa Light, atual A&S Eletropaulo.
Ao longo desse período, muitas coisas mudaram, pois as cidades cresceram e novos bairros e centros urbanos surgiram, atraindo indústrias, comércios e outras atividades para suprimir a demanda de uma população em crescimento. Há pouco mais de 40 anos a água se tornou demanda crucial para todas as atividades humanas.
Entre 2013 e 2015, destacou-se a pior crise hídrica já registrada na região sudeste, mais especificamente no Estado de São Paulo com preocupante baixa dos reservatórios que abastecem a região metropolitana. Tal crise evidenciou o papel desempenhado pelas áreas verdes especialmente protegidas para a produção de água. Em nosso Estado 62% do volume de água outorgado para abastecimento, está localizado em Unidades de Conservação, o que ressalta a relação direta entre segurança hídrica e implantação e efetividade de gestão desses espaços promotores de serviços ecossistêmicos indispensáveis à qualidade e a própria manutenção da vida.
Com a expansão do fenômeno de urbanização, observa-se que as precárias condições de vida da população no entorno das áreas de mananciais configuram-se como agentes silenciosos na deterioração ambiental, agindo no sentido de estimular a ocupação desordenada do espaço urbano e a consequente contaminação de água nele armazenadas.
A Represa Billings correria riscos se nenhuma intervenção de políticas públicas fosse conduzida para influir sobre o complexo de variáveis que hoje afetam a estabilidade do manancial.Assim, a partir destas demandas tanto o Governo Estadual quanto o Municipal estabeleceram um processo de ações no entorno da Represa. Ações desenvolvidas pela Prefeitura Municipal contemplam no Parque Nascentes de Paranapiacaba sistema de trilhas monitoradas e um programa de Educação Ambiental visto que essa região funciona como importante corredor ecológico entre as águas da Billings e o Parque.
Em uma área de mais de quatro milhões de m², encontra-se uma grande riqueza da fauna e flora local. Aqui se encontram as nascentes do Rio Grande, importante afluente da represa Billings. A conscientização, portanto, das futuras gerações é uma preocupação desta gestão sob a responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente.
Ações de saneamento e tratamento de água e esgoto contemplam as regiões de mananciais. A Estação de Tratamento de Esgoto do Parque Andreense minimiza a poluição da Represa. A ETE é um equipamento do Semasa que desde 2007, impede que os esgotos gerados pela população local do Parque Represa Billings III cheguem “in natura” à Represa pelo córrego Tubarão. Situado às margens do Reservatório Billings, o Parque Natural Municipal do Pedroso oferece diversas atividades envolvendo estudos do meio e educação ambiental para o público escolar e para a comunidade em geral. Um desses programas, Caminho das Águas, visa estimular a discussão e reflexão a respeito dos recursos hídricos, enfocando temas como: cidadania, meio ambiente,saúde e qualidade de vida.
Fabio Picarelli – Secretário de Meio Ambiente de Santo André