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Violência nas Escolas: um fenômeno que assusta – Por Cabo Fátima Pérola

Por Cabo Fátima Pérola

De tempos em tempos, episódios de violência nas escolas de todo o mundo aparece em destaque na mídia, levantando calorosos debates acerca da dúvida: de quem é a culpa?


Nesses momentos, especialistas são convidados a se manifestar sobre a presença de policiais nos colégios, o fechamento de instituições devido a toques de recolher, agressões e assassinatos envolvendo alunos e professores, prática de bullying, etc.


Aqui no Brasil, a situação parece ser ainda mais preocupante: uma pesquisa global feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio, que contempla alunos de 11 a 16 anos, colocou o Brasil no topo de um ranking de violência nas escolas. Este levantamento considerou dados de 2013 e é o mais importante do tipo.


Diante deste triste quadro, caberia aos gestores trazer este tema para suas salas de aula? É possível entender as causas da violência nas escolas e, assim, evitar o pior antes que ele de fato aconteça?
Após a tragédia do caso Suzano/SP, o tema voltou a ser discutido veementemente! Por estar inserida no cotidiano escolar como Instrutora PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), fui impelida a abordar o assunto e promover reflexão entre os alunos, professores, gestão e pais, uma vez que no meu entendimento todos os personagens envolvidos necessitam de esclarecimentos que o caso não é isolado e sobretudo, grave.

Nossa sociedade está emocionalmente doente e precisa de tratamento.
O advento tecnológico, ao mesmo tempo nos conectou com o mundo e desconectou de pessoas do nosso dia a dia. Família, amigos se comunicam mais por redes sociais do que olho no olho! Sem contar que os contatos são em maioria virtuais! O diálogo, a troca de afeto estão em desuso. Estamos à mercê de uma ilusão de vida, transformada muitas vezes em realidade com consequências trágicas.

Cada vez mais as pessoas se isolam, não buscam ajuda e cresce o número das enfermidades da alma, como a depressão. O desrespeito e intolerância a quaisquer opiniões divergentes agrava o quadro. Pais que vivem uma rotina acelerada e estressante, confiam seus filhos a celulares e outras armadilhas eletrônicas, acreditando que estão à salvo e tranquilos. O argumento de muitos (pais) é “pelo menos não estão na rua em más companhias”. Perdem a noção do tempo que os filhos, sejam crianças ou adolescentes, ficam “conectados”, tampouco monitoram o que estão acessando. E quando se dão conta, pode ser tarde demais…


Gestores de escolas percebem mais facilmente os riscos e consequências dessa desatenção de muitos pais, na medida que os comportamentos e rendimento escolar dos alunos evidenciam que algo está errado. Famílias e responsáveis são acionados e informados para busca conjunta de tratamento. A colaboração das partes envolvidas nem sempre é satisfatória e alguns casos evoluem para circunstâncias piores.


O índice de violência incide em toda faixa etária: educação infantil, fundamental e médio. Há casos em que, por receio de represálias, gestores não denunciam ameaças recebidas. Assim segue a “Cultura do medo” e crescente casos de violência em estabelecimentos escolares.

Diante desse preocupante cenário, quais soluções pode-se propor?
No final da década de 90, tínhamos a presença de policiais militares no interior das escolas, era a denominada “Segurança Escolar”, onde policiais permaneciam por 8 horas nas redes estaduais de ensino. Posteriormente a modalidade foi substituída pela “Ronda Escolar”, atuando nesse formato até os dias de hoje. Policiais voluntários atuantes no PROERD têm desempenhado papel de destaque no cotidiano escolar, uma vez que o currículo aplicado para alunos em sua maioria do 5° Ano do fundamental, auxilia predominantemente na tomada de decisão ante situações de pressão emocional, resistência à quaisquer manifestações e/ou ofertas de perigo, além de promover um auto conhecimento das características próprias de personalidade, resultando em mudanças comportamentais positivas que fortalecerão a auto estima, aumentará a disciplina, responsabilidade e respeito ao próximo! Nós, instrutores PROERD, contribuímos assim, para uma geração mais saudável no aspecto físico e emocional. Acredito que discussões sobre as melhores práticas para coibir a violência e delinquência nas escolas, devem envolver toda sociedade civil e órgãos governamentais.


Embora inegáveis os contextos social e psicológico como causas por trás desses números sobre a violência, existe uma necessidade urgente de buscar alternativas de ação dentro das escolas.

Assim como acontece com nossa sociedade, a escola não está imune à violência social e acaba sendo um espelho dessa realidade.


Mas a violência nas escolas, a medida que põe em risco a ordem, a motivação, a satisfação e as expectativas dos alunos e do corpo docente, tem efeitos graves sobre elas, contribuindo para o insucesso dos propósitos e os objetivos da educação, do ensino e do aprendizado.
Algumas medidas se fazem urgentes:

Assembleias frequentes envolvendo pais, alunos e docentes.
A criação de um grêmio estudantil.
Desenvolvimento de campanhas de conscientização.
Manifestação pública em redes sociais.


A questão é delicada, sabemos. E assistir a tudo de longe, de braços cruzados como se estivéssemos isentos de responsabilidade e imunes às possibilidades de sermos as próximas vítimas ou pior, próximos protagonistas de manchetes jornalísticas trágicas, não contribuirá para a erradicação da violência em nossa sociedade. A colaboração deve partir de cada indivíduo.

Cabo Fátima Pérola
Policial Militar, Instrutora PROERD, Palestrante Motivacional, Escritora, Vice Presidente do Conselho Municipal de Cultura, Pós Graduada em Políticas de Prevenção à Violência e Direitos Humanos e Segurança Pública pela FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Samuel Boss
Samuel Boss
Iniciou sua carreira na criação do Blog do Vereador que se transformou no jornal de sátira política, Quarta Ordinária. Escreveu para os jornais Estação Notícia, Repórter Diário e Opinião Pública. Foi editor do Jornal A Voz de Ribeirão Pires e criador da TV São Caetano. Teve programas na TV+, EcoTV, TVABCD, Repórter Diário e Rádio ABC.

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